"E Deus disse: Moisés, diga ao povo que marche!" - explicava meu pai sentado a mesa farta na hora do almoço. Na casa de Dona Clores, minha avó, não é apenas o alimento para o corpo que é abundante, mas também aquele para a alma. A minha família de reformados, mesmo após a ida do vovô, continua esbanjando discussões teológicas com carne assada e bons vinhos.
"Ele não deu uma direção específica, quantos graus para o norte, quantos centímetros deveriam parar em frente ao mar... Ele penas disse que marchem. O povo marchou e o resto aconteceu." - continuava meu pai.
Argumentos ou contra argumentos surgiam dos vários tios, tias, primos... Todos protegidos por referencias diversas e a conversa se estendia até o entardecer.
Os gatos passeavam entre as nossas pernas sob a mesa e era difícil resistir a mais um pedaço de bolo.
Naquele momento, eu comecei a entender qual era a minha mensagem. Era hora de marchar.
Minha avó segurou a minha mão novamente e me disse: "Filha, estamos muito felizes por você e seu novo emprego. Vá com Deus para esse reino e encontre seu príncipe no alto da montanha."
É bastante claro que um dos últimos sonhos da minha avó é ver o meu casamento. Eu pedi a Deus que ela viva o suficiente para isso.
Mas após esses momentos, eu pude sentir que todas a minhas inseguranças quanto a me estabelecer em uma terra nova eram apenas pequenos detalhes. Encontrar um apartamento, comprar toda a mobília, conhecer pessoas novas, isso tudo que eu pedia são coisas tão pequenas comparados a imensidão do nosso criador. O meu temor era apenas uma reflexão da minha falta de fé.
Passeando com meu irmão a beira do rio, nós tiramos várias fotos, demos boas risadas e eu pude me despedir da paisagem que sabia demoraria para ver novamente.
Então, com o contrato assinado, parti novamente. Dessa vez levando comigo todos os documentos que havia esquecido da última vez.
Oi, Dé!
ReplyDeleteTive que "marchar" pra trás (lendo os posts anteriores) pra tomar ciência do assunto.
Conclui que, afinal, é da sua estabilidade familiar que vem a força pra pôr a "mochila na costas" e "marchar". Sua estabilidade familiar... Moisés sabia!
Agora, quero acompanhar sua saga.
Abração
Jan
Ah que legal, tava aqui tao ansiosa pra saber se voce tinha aceitado ou nao o contrato pra trabalhar la. Desejo muita sorte e que Deus possa abencoar seus planos nessa nova etapa.
ReplyDeleteBeijinhos