Monday, March 10, 2014

C'est la vie...

... E no celular era mon petit peu, minha amiga Vero do Quebec. Ela estava vindo fazer um curso na Europa e passaria uns tempos na capital francesa.
Coloquei a minha mochila nas costas e parti de Genebra no próximo trem em direção a Paris. Lá, encontrei Vero acompanhada de outras canadenses que juntamente vieram para aproveitar as noites curtas do verão europeu na cidade de luz.
Vero foi umas das colegas de república que me ajudou quando eu morava no Canadá, após perder todos os móveis e roupas por conta de uma infestação de bedbugs.
São raras as pessoas para as quais o tempo parece simplesmente não passar; e como é interessante reencontrá-las após um longo intervalo. Elas nos fazem perceber o quanto nós mesmos mudamos. Talvez por uma mera lembrança de fatos ocorridos, ou então por um olhar longo e demorado, de olhos grandes e arregalados que exclamam sem receios: como você está diferente!
As meninas do Canadá eram todas marinheiras de primeira viagem na Europa. Trens, queijos e piqueniques eram novidades excitantes. O mais interessante para mim era notar que tudo aquilo já havia se tornado parte de uma vida quotidiana: o metro pichado, os batedores de carteira (que roubaram o Iphone da Courtney - eu avisei), os parques verdes com lagos e patinhos, os muitos turistas japoneses...
Sim, o tempo passa. O tempo passa por nós. Seja como brisa, ou como vendaval, ele imprime suas marcas mais profundas. Aqueles quatro anos de vida peregrina haviam me transformado em alguém diferente, mas apenas eu ainda não havia percebido...
O tempo também passou em Paris, de maneira muito agradável, com champagne e vista para a torre Eiffel.
Uma das nossas companheiras de quarto, era uma garota muçulmana bastante tradicional chamada Noeuf. Ela vestia roupas típicas e se ajoelhava em um tapete todos os dias para fazer as suas preces.
- Você se incomoda se eu ler a bíblia? - Perguntei.
- Não, eu fico feliz que você também tenha uma religião, assim você pode entender porque eu tenho a minha. - ela respondeu.
Todas as manhãs eram assim: eu lendo minha bíblia sentada na cama e ela ajoelhada fazendo suas preces no tapete. As outras meninas olhavam assustadas. Eu até posso compreender, pois essa era uma cena digna de uma fotografia.
Apesar de nossas diferenças, Noeuf se tornou mais uma amiga para a minha coleção. Foi muito interessante te-la também como companhia e poder ver Paris sob mais um angulo diferente.
Mas mesmo em terras francesas, o tempo continuou passando rapidamente e finalmente trouxe a minha hora de retornar a Alemanha.
A viagem prosseguiu após um abraco demorado da minha pequena velha amiga Vero, saudações das minhas outras novas amigas canadenses e promessas de que eu as iria visitar em breve no Canadá.
- Obrigada por tudo, obrigada por entender. - disse Noeuf.
Eu então entrei no próximo trem em direção a Frankfurt - que não partiu nas duas horas seguintes.
Os passageiros todos foram relocados para outros trens e uma viagem cheia de escalas, devido a contratempos nos trilhos.
Em uma dessas escalas, um palestino jogou uma mochila aos meus pés:
- Cuide para mim, já volto! - disse ele, antes de descer do trem.
Naquele momento, senti todos os meus ossos gelarem. Será que era uma bomba? Comecei a enviar mensagens a minha família, dizer que os amo e que estava tudo bem.
Pouco antes que eu tivesse um ataque cardíaco o tal palestino entrou novamente no trem e se sentou no degrau do vagão.
- Aqui está o que te pertence. - eu me levantei e levei a mochila até ele.
- Muito obrigada. - disse ele, que pegou a mochila e se sentou no meu lugar!
É cada criatura que agente encontra quando viaja...

descansando no campo de marte

aproveitando os últimos dias de estudante

McCafe em Paris é a coisa mais barata de café da manha

vivendo por aí...

A avenida mais charmosa
a mochila do palestino

2 comments:

  1. E tao bom fazer amigos vindo de tantos lugares diferentes do mundo nao e?! E uma experiencia otima aprender com eles, ver o mundo por outra otica e perspectiva, eu adoro e acho que a gente sai muito enriquecido como ser humano. A outra parte chata e encontrar gente doida e sem nocao como esse palestino ai....rs.
    Beijinhos

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  2. Que delícia poder rever os amigos e ganhar outros novos. Pelo jeito esse período juntos foram bem aproveitados, pois o tempo passou rápido. E que venham mais momentos especiais!
    Beijos.

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